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quarta-feira, 8 de abril de 2015

CAPACITAÇÃO MERCADOLÓGICA, DO BAMBU, SUVENIR ARTESANAL E UTILIDADES

Resumo
Apesar de termos mais de 300 espécies nativas, pouco se conhece e se aproveita dessa matéria-prima, poucas pessoas são produtoras de artigos derivados do bambu, baixo nível de comércio é verificado nos grandes centros comerciais. Estudos dirigidos são defendidos em trabalhos acadêmicos nas faculdades e universidades em todo o país, alguns fracos esforços são patrocinadores da exploração dessa riqueza natural, apesar do amplo conhecimento da existência de produtos confeccionados em bambu. Realizada ampla pesquisa nos meios eletrônicos, mais especificamente na Web foi encontrado pouca referência a literatura impressa, alguns cursos de nível básico em artesanato, e muitos aspectos biológicos do bambu em estudos acadêmicos para aproveitamento do bambu na construção civil ou classificação de espécies. Trazer algum esclarecimento e referências sobre a vasta oportunidade produtiva, de desenvolvimento e mercadológica aliada a prática de sustentabilidade é o objetivo este estudo, não esgotado.


Bambu

Um produto ecológico, milenar e com inúmeras utilidades desde alimentação até presentes, 'um presente dos Deuses' como cita o Fábio A. Moizés em sua dissertação de pós graduação (Unesp, 2007), que deve estar parafraseando outros autores, pois essa frase não é nova para este pesquisador que concorda com ela em sua plenitude, estudo este que se preocupou com o desgaste natural provocado pelo homem ao meio ambiente através de seus processos de fabricação. Na tendência do desenvolvimento de alternativas ecológicas na obtenção de matéria prima, a perenidade do bambu, o seu potencial agrícola reprodução assexuada, sem necessidade de replantio, com podas manejadas adequadamente, essa 'esponja de carbono' além de ser indicada para o reflorestamento, ainda tem muita utilidade como protetor de mananciais, pois pela característica de suas raízes, a proteção das margens de rios contra a erosão, também é muito proveitosa.
Por aqui onde o produto existe em abundância, ainda é pouco utilizado; não existe uma pesquisa mais sólida com relação ao bambu para utilização seja para construção ou produção de energia, na alimentação ou mesmo como artesanato ou outras aplicações. Apesar de ter a maior diversidade entre as Américas, ainda não tem uma tecnologia preocupada em produzir mudas em grande escala o que dificulta a produção em escala industrial.
China, India, Japão, Paquistão, Vietnã tem aplicação para o bambu, bem mais desenvolvido que no ocidente Venezuela, México, Colômbia muito mais que no Brasil sendo que por aqui a influência indígena e de imigrantes Japoneses desenham as formas mais conhecidas encontradas no mercado atualmente; na Europa existem modelos de relógios, bandejas, lustres e outras aplicações bem mais sofisticadas do ponto de vista 'industrial', para a qual não existe tecnologia desenvolvida nessa nossa parte do planeta.
Cabe uma ressalva aqui, sobre o entendimento da sustentabilidade, tão apregoada por tantos e pouco esclarecida pela maioria; na quase meia centena de publicações consultadas e não referenciadas neste artigo, 98% coloca a sustentabilidade referente ao bambu, como a gramínea com propriedades semelhantes a madeira, com grande capacidade de absorção de CO2, o que particularmente não considero satisfatória nem suficientemente esclarecedora sobre esta questão, quero colocar aqui questões como determinantes a serem consideradas neste tipo de qualificação; devemos considerar o tempo de absorção pela natureza dos resíduos do manejo do bambu in natura pela natureza, como sendo de grande valia na utilização dos cavacos e serragens na agricultura para correção e adubação do solo, não somente dos cavacos, mas das cinzas resultantes da produção de energia através de sua biomassa, outras pesquisas localizadas em estudos de tratamentos químicos, apontam a durabilidade possível, estimada em mais de 25 anos, sendo que muitas empresas que utilizam alguma estrutura feita de bambu oferecem uma garantia do produto para 10 anos, considerada equivalente a muitas madeiras, sendo que a madeira originária de árvores de reflorestamento rendem muito menos em termos produtivos de metragem cúbica por área plantada, a purificação do ar é sem dúvida uma característica que deixa o bambu com larga vantagem, mas quero colocar aqui que o manejo do bambu, não requer uma mão de obra tão qualificada quanto a de um marceneiro, como é ressaltado em alguns cursos que associam a permacultura com o manejo do bambu, sendo por isso só já determinante em uma economia de recursos para a formação de mão de obra.
Pela natureza do plantio, qualquer propriedade pode manter uma pequena plantação de uma touceira de bambu, mesmo em vasos, sendo que alguns paisagistas já incorporam esse design em algumas apresentações urbanas, demandando mão de obra para a manutenção, gerando com isso mais empregos, dependendo das espécies, podem ser usadas para sombrear áreas que antes só serviam para reflexão da luz solar, contribuindo para o aquecimento da atmosfera, as raízes ainda possuem as características necessárias para acumular água o suficiente para evitar a desertificação do solo, contribuindo para a flora e fauna de diversas espécies.
Como artesanato, pode ser usado em inimagináveis aplicações que vão desde um simples botão de vestimenta, passando pelo palito de churrasco, por um cabideiro de roupas, em um suporte de varal de roupas em um quintal, em um caniço de pesca, que todos conhecem, em biombos, cabides, porta panelas, vasos, porta-trecos, enfim, milhares de aplicações, até mesmo culinário, sem precisar de um maquinário muito grande para realizar estas aplicações, o que por si pode gerar um desenvolvimento de mão de obra autônoma ou associativa para conquista de novos mercados, que, atualmente pela facilidade da industrialização optam pelos plásticos que precisam de muito mais água para serem produzidos, mas possuem um estudo de logística globalizado.
As grandes tecnologias que atualmente estão voltadas para atender o mercado madeireiro, como laminadores por exemplo, são de fácil reengenharia bastando um pouco mais de incentivo para importar esse conhecimento, esse know-how para as canas de bambu, ou seja não impede o crescimento de novas tecnologias, com a vantagem de serem direcionadas a matéria prima menos poluente que a fabricação de ferro, plásticos, aglomerados de madeira, acartonados gesso cimento tijolos e outros tantos que podem ser substituídos pelos artigos derivados do bambu, além do que a característica estética e térmica natural da planta são características próprias, todos conhecem a aparência quer verde, quer flambado; ou seja, menos poluição para produção, ferramental mais simples, absorção mais rápida dos resíduos pela natureza, características de filtragem do ar e da água (existem até modelos de tratamento de esgoto por etapas estudados com aplicação de tanque preenchidos com partes de gomos), maior possibilidade de mão de obra, maior gerador de renda, produtos com menores custos de produção relativo a maquinário e energia e de consumo, maior interatividade social, maior aproveitamento dos recursos naturais (do qual somos detentores de 30% das espécies, a maior concentração do mundo) sem poluentes agressivos, isso parece justificar um conceito de 'sustentabilidade'.
Métodos
Em trabalho recente feito por pesquisadores da Fappes em um trabalho de pesquisa quantitativa de Marketing, do qual este pesquisador foi participante, e ainda verificado em outra pesquisa qualitativa, por entrevista, chegou-se a conclusão de que a maioria das pessoas consultadas sobre os itens de artesanato desenvolvidos na atualidade por menos de uma centena de pessoas em nossa capital (São Paulo/SP) com registro na SUTACO e SEBRAE não possuem infra estrutura grande o suficiente para fomentar maior participação no mercado, que está estimado em 2,5 milhões de consumidores. Consultados tabém inúmeros trabalhos em PDF, nem todos referenciados, como estudos de conclusão de graduações Mestrados e Doutorados, bem como notícias e notas de instituições de fomento a pesquisa do bambu.


Conclusão

Umas poucas associações se encarregam de abastecer o que é tradicionalmente conhecido de produtos de bambu, que se resume a colheres palitos do tipo japonês, palitos de churrasco, e taquaras de varal, algumas ainda produzem algum tipo de móvel ou divisória ou luminária de forma rústica, com recortes decorativos nos colmos tratados por flambagem, poucos são os que produzem algum tipo de decoração com movimentos do tipo fonte de água com moinho, e em sua maioria para não afirmar a totalidade, localizam-se em áreas fora dos limites do município ou mesmo do estado. Também conseguiu-se averiguar que a forma de obtenção e qualificação de mão de obra via cursos de artesanato ainda é o melhor meio de encontrar pessoas interessadas nessa atividade, e que anúncios de produtos derivados de bambu são muito escassos, sendo normalmente encontrados em feiras de exposição pelos proprietários de pequenos ateliês, ou de uns poucos revendedores. Menos ainda são os que anunciam algum tipo de produto importado, mas o que é comum de se encontrar são os preços altos praticados por esses comerciantes, e pelos fornecedores de matéria-prima em bruto, pois o transporte desta matéria é calculada por metro cúbico, o que encarece bastante qualquer iniciativa mais tímida para o início de uma produção em pequena escala.
Se por um lado o pequeno empresário encontra essa barreira, o frete, como um sabotador de iniciativas, como citado por Sônia do 'Palácio do Artesanato'; o produtor também acaba encontrando dificuldade de praticar um plantio pelo preço das mudas para iniciar um plantio, e se o consumo é baixo, inibe a proposta de maior oferta de matéria-prima, que para muitos é motivo de queima das touceiras, e grande prejuízo em trabalho de máquina para remoção das raízes para aproveitamento da terra para outros cultivos. É portanto uma política governamental de incentivo, para que a mudança neste quadro ocorra, e não fique apenas nosso estado do Acre conforme 'UnB Agência (… da flauta aos móveis, o bambu tem 1.200 utilidades)', como sendo o maior produtor de bambu no Brasil.
Algumas das iniciativas por parte do governo, em proporcionar ambientes de pesquisa (Rio de Janeiro) ou premiações através de ONGS ou projetos internacionais, estão parados no tempo conforme mostra o maior portal da internet 'Bambuzeiros' que também cita o 'CERBAMBU – Centro das Referências do Bambu e das tecnologias Sociais' e a Bamcruz - Bambuzeira Cruzeiro do Sul (MG), e com um bom número de participantes, mais de 240, mas tímidas participações nos últimos anos, sendo que a maioria das ações relatadas datam de 2009, bem como da maioria das teses e trabalhos acadêmicos publicados, e em sua maioria são consultas sobre informações de plantio ou semelhantes.
Faltam informações para atender o mercado consumidor, conforme citado por comerciante no CEAGESP e um portfólio de produtos possíveis para incentivar a produção e exposição de alternativas de consumo, bem como uma relação mais transparente da quantidade de concorrência tanto dos produtores como dos vendedores, que se reúnem em diversos sítios de informação como Blogs e páginas de comunidades nas redes sociais em grupos de artesanato.

Fotos: YouTube.
TCC c/ Profa. Me. Rachel Neves Dias Francisco
ADM 5o sem FAPPES
Autoria: Uli Richter -face: 'MEI Opifício ME' comunidade.