Resumo
Apesar
de termos mais de 300 espécies nativas, pouco se conhece e se
aproveita dessa matéria-prima, poucas pessoas são produtoras de
artigos derivados do bambu, baixo nível de comércio é verificado
nos grandes centros comerciais. Estudos dirigidos são defendidos em
trabalhos acadêmicos nas faculdades e universidades em todo o país,
alguns fracos esforços são patrocinadores da exploração dessa
riqueza natural, apesar do amplo conhecimento da existência de
produtos confeccionados em bambu. Realizada ampla pesquisa nos meios
eletrônicos, mais especificamente na Web foi encontrado pouca
referência a literatura impressa, alguns cursos de nível básico em
artesanato, e muitos aspectos biológicos do bambu em estudos
acadêmicos para aproveitamento do bambu na construção civil ou
classificação de espécies. Trazer algum esclarecimento e
referências sobre a vasta oportunidade produtiva, de desenvolvimento
e mercadológica aliada a prática de sustentabilidade é o objetivo
este estudo, não esgotado.
Bambu
Um
produto ecológico, milenar e com inúmeras utilidades desde
alimentação até presentes, 'um presente dos Deuses' como cita o
Fábio A. Moizés em sua dissertação de pós graduação (Unesp,
2007), que deve estar parafraseando outros autores, pois essa frase
não é nova para este pesquisador que concorda com ela em sua
plenitude, estudo este que se preocupou com o desgaste natural
provocado pelo homem ao meio ambiente através de seus processos de
fabricação. Na tendência do desenvolvimento de alternativas
ecológicas na obtenção de matéria prima, a perenidade do bambu,
o seu potencial agrícola reprodução assexuada, sem necessidade de
replantio, com podas manejadas adequadamente, essa 'esponja de
carbono' além de ser indicada para o reflorestamento, ainda tem
muita utilidade como protetor de mananciais, pois pela característica
de suas raízes, a proteção das margens de rios contra a erosão,
também é muito proveitosa.
Por
aqui onde o produto existe em abundância, ainda é pouco utilizado;
não existe uma pesquisa mais sólida com relação ao bambu para
utilização seja para construção ou produção de energia, na
alimentação ou mesmo como artesanato ou outras aplicações. Apesar
de ter a maior diversidade entre as Américas, ainda não tem uma
tecnologia preocupada em produzir mudas em grande escala o que
dificulta a produção em escala industrial.
China,
India, Japão, Paquistão, Vietnã tem aplicação para o bambu, bem
mais desenvolvido que no ocidente Venezuela, México, Colômbia muito
mais que no Brasil sendo que por aqui a influência indígena e de
imigrantes Japoneses desenham as formas mais conhecidas encontradas
no mercado atualmente; na Europa existem modelos de relógios,
bandejas, lustres e outras aplicações bem mais sofisticadas do
ponto de vista 'industrial', para a qual não existe tecnologia
desenvolvida nessa nossa parte do planeta.
Cabe
uma ressalva aqui, sobre o entendimento da sustentabilidade, tão
apregoada por tantos e pouco esclarecida pela maioria; na quase meia
centena de publicações consultadas e não referenciadas neste
artigo, 98% coloca a sustentabilidade referente ao bambu, como a
gramínea com propriedades semelhantes a madeira, com grande
capacidade de absorção de CO2, o que particularmente não considero
satisfatória nem suficientemente esclarecedora sobre esta questão,
quero colocar aqui questões como determinantes a serem consideradas
neste tipo de qualificação; devemos considerar o tempo de absorção
pela natureza dos resíduos do manejo do bambu in natura pela
natureza, como sendo de grande valia na utilização dos cavacos e
serragens na agricultura para correção e adubação do solo, não
somente dos cavacos, mas das cinzas resultantes da produção de
energia através de sua biomassa, outras pesquisas localizadas em
estudos de tratamentos químicos, apontam a durabilidade possível,
estimada em mais de 25 anos, sendo que muitas empresas que utilizam
alguma estrutura feita de bambu oferecem uma garantia do produto para
10 anos, considerada equivalente a muitas madeiras, sendo que a
madeira originária de árvores de reflorestamento rendem muito menos
em termos produtivos de metragem cúbica por área plantada, a
purificação do ar é sem dúvida uma característica que deixa o
bambu com larga vantagem, mas quero colocar aqui que o manejo do
bambu, não requer uma mão de obra tão qualificada quanto a de um
marceneiro, como é ressaltado em alguns cursos que associam a
permacultura com o manejo do bambu, sendo por isso só já
determinante em uma economia de recursos para a formação de mão de
obra.
Pela
natureza do plantio, qualquer propriedade pode manter uma pequena
plantação de uma touceira de bambu, mesmo em vasos, sendo que
alguns paisagistas já incorporam esse design em algumas
apresentações urbanas, demandando mão de obra para a manutenção,
gerando com isso mais empregos, dependendo das espécies, podem ser
usadas para sombrear áreas que antes só serviam para reflexão da
luz solar, contribuindo para o aquecimento da atmosfera, as raízes
ainda possuem as características necessárias para acumular água o
suficiente para evitar a desertificação do solo, contribuindo para
a flora e fauna de diversas espécies.
Como
artesanato, pode ser usado em inimagináveis aplicações que vão
desde um simples botão de vestimenta, passando pelo palito de
churrasco, por um cabideiro de roupas, em um suporte de varal de
roupas em um quintal, em um caniço de pesca, que todos conhecem, em
biombos, cabides, porta panelas, vasos, porta-trecos, enfim, milhares
de aplicações, até mesmo culinário, sem precisar de um maquinário
muito grande para realizar estas aplicações, o que por si pode
gerar um desenvolvimento de mão de obra autônoma ou associativa
para conquista de novos mercados, que, atualmente pela facilidade da
industrialização optam pelos plásticos que precisam de muito mais
água para serem produzidos, mas possuem um estudo de logística
globalizado.
As
grandes tecnologias que atualmente estão voltadas para atender o
mercado madeireiro, como laminadores por exemplo, são de fácil
reengenharia bastando um pouco mais de incentivo para importar esse
conhecimento, esse know-how para as canas de bambu, ou seja não
impede o crescimento de novas tecnologias, com a vantagem de serem
direcionadas a matéria prima menos poluente que a fabricação de
ferro, plásticos, aglomerados de madeira, acartonados gesso cimento
tijolos e outros tantos que podem ser substituídos pelos artigos
derivados do bambu, além do que a característica estética e
térmica natural da planta são características próprias, todos
conhecem a aparência quer verde, quer flambado; ou seja, menos
poluição para produção, ferramental mais simples, absorção mais
rápida dos resíduos pela natureza, características de filtragem do
ar e da água (existem até modelos de tratamento de esgoto por
etapas estudados com aplicação de tanque preenchidos com partes de
gomos), maior possibilidade de mão de obra, maior gerador de renda,
produtos com menores custos de produção relativo a maquinário e
energia e de consumo, maior interatividade social, maior
aproveitamento dos recursos naturais (do qual somos detentores de 30%
das espécies, a maior concentração do mundo) sem poluentes
agressivos, isso parece justificar um conceito de 'sustentabilidade'.
Métodos
Em
trabalho recente feito por pesquisadores da Fappes em um trabalho de
pesquisa quantitativa de Marketing, do qual este pesquisador foi
participante, e ainda verificado em outra pesquisa qualitativa, por
entrevista, chegou-se a conclusão de que a maioria das pessoas
consultadas sobre os itens de artesanato desenvolvidos na atualidade
por menos de uma centena de pessoas em nossa capital (São Paulo/SP)
com registro na SUTACO e SEBRAE não possuem infra estrutura grande o
suficiente para fomentar maior participação no mercado, que está
estimado em 2,5 milhões de consumidores. Consultados tabém inúmeros
trabalhos em PDF, nem todos referenciados, como estudos de conclusão
de graduações Mestrados e Doutorados, bem como notícias e notas de
instituições de fomento a pesquisa do bambu.
Conclusão
Umas
poucas associações se encarregam de abastecer o que é
tradicionalmente conhecido de produtos de bambu, que se resume a
colheres palitos do tipo japonês, palitos de churrasco, e taquaras
de varal, algumas ainda produzem algum tipo de móvel ou divisória
ou luminária de forma rústica, com recortes decorativos nos colmos
tratados por flambagem, poucos são os que produzem algum tipo de
decoração com movimentos do tipo fonte de água com moinho, e em
sua maioria para não afirmar a totalidade, localizam-se em áreas
fora dos limites do município ou mesmo do estado. Também
conseguiu-se averiguar que a forma de obtenção e qualificação de
mão de obra via cursos de artesanato ainda é o melhor meio de
encontrar pessoas interessadas nessa atividade, e que anúncios de
produtos derivados de bambu são muito escassos, sendo normalmente
encontrados em feiras de exposição pelos proprietários de pequenos
ateliês, ou de uns poucos revendedores. Menos ainda são os que
anunciam algum tipo de produto importado, mas o que é comum de se
encontrar são os preços altos praticados por esses comerciantes, e
pelos fornecedores de matéria-prima em bruto, pois o transporte
desta matéria é calculada por metro cúbico, o que encarece
bastante qualquer iniciativa mais tímida para o início de uma
produção em pequena escala.
Se
por um lado o pequeno empresário encontra essa barreira, o frete,
como um sabotador de iniciativas, como citado por Sônia do 'Palácio
do Artesanato'; o produtor também acaba encontrando dificuldade de
praticar um plantio pelo preço das mudas para iniciar um plantio, e
se o consumo é baixo, inibe a proposta de maior oferta de
matéria-prima, que para muitos é motivo de queima das touceiras, e
grande prejuízo em trabalho de máquina para remoção das raízes
para aproveitamento da terra para outros cultivos. É portanto uma
política governamental de incentivo, para que a mudança neste
quadro ocorra, e não fique apenas nosso estado do Acre conforme 'UnB
Agência (… da flauta aos móveis, o bambu tem 1.200 utilidades)',
como sendo o maior produtor de bambu no Brasil.
Algumas
das iniciativas por parte do governo, em proporcionar ambientes de
pesquisa (Rio de Janeiro) ou premiações através de ONGS ou
projetos internacionais, estão parados no tempo conforme mostra o
maior portal da internet 'Bambuzeiros' que também cita o 'CERBAMBU –
Centro das Referências do Bambu e das tecnologias Sociais' e a
Bamcruz - Bambuzeira Cruzeiro do Sul (MG), e com um bom número de
participantes, mais de 240, mas tímidas participações nos últimos
anos, sendo que a maioria das ações relatadas datam de 2009, bem
como da maioria das teses e trabalhos acadêmicos publicados, e em
sua maioria são consultas sobre informações de plantio ou
semelhantes.
Faltam
informações para atender o mercado consumidor, conforme citado por
comerciante no CEAGESP e um portfólio de produtos possíveis para
incentivar a produção e exposição de alternativas de consumo, bem
como uma relação mais transparente da quantidade de concorrência
tanto dos produtores como dos vendedores, que se reúnem em diversos
sítios de informação como Blogs e páginas de comunidades nas
redes sociais em grupos de artesanato.
TCC c/ Profa. Me. Rachel Neves Dias Francisco
ADM 5o sem FAPPES
Autoria: Uli Richter -face: 'MEI Opifício ME' comunidade.